junho 25, 2006

E, finalmente, um comentário inteligente de um músico em torno da questão do mp3

Em entrevista ao Cotonete, disponível para escuta em breve, Adolfo Luxúria Canibal, dos Mão Morta, comenta a partilha da música na Internet, considerando que a indústria fonográfica tem de se adaptar aos tempos actuais.

Numa conversa em que foram abordados temas como o primeiro DVD do grupo de Braga e os planos dos Mão Morta para breve, Adolfo Luxúria Canibal não se escusou a desenvolver uma mensagem escrita aos fãs, na mailing list da banda, sobre os downloads de música.

Para o músico, na origem da crise da indústria fonográfica está, em parte, o tipo de música na qual se aposta: «Nós vemos que os grande lucros da indústria são lucros com a pop para adolescentes, pop pastilha elástica, mainstream. Estas são músicas com um prazo de validade muito curto: ou são vendidas no imediato ou na estação seguinte já passou, já ninguém compra. E o problema do free download é esse. O consumo imediato, que é aquele que traz a rentabilização, é feito de uma maneira gratuita, e aquilo que podia funcionar como promoção não funciona nada como promoção: funciona como esgotamento do próprio produto, e a coisa deixa de funcionar em termos financeiros, de rentabilização».

«Não é uma questão de qualidade, nem de redistribuição de direitos de autor. É a própria indústria, a estrutura que vem do passado», argumenta Adolfo Luxúria Canibal. «Estamos numa encruzilhada e a indústria tem de mudar se quer sobreviver. A Internet tem de ser vista como uma forma de promoção como era a rádio, [pois] vai substituir a rádio como forma de promoção, como grande aliado da indústria discográfica. A indústria tem de entender isso e encontrar outras formas de investir. Tem de deixar de investir na música para adolescentes para passar a investir numa música que tenha um prazo de validade mais longo, porque é essa música que vai ser interessante e vai trazer o feedback financeiro de que a indústria precisa para viver».

Para Adolfo Luxúria Canibal, a Internet deve servir como uma grande biblioteca áudio, permitindo a consulta aos interessados: «Uma pessoa de Braga não tem de se deslocar a Lisboa para consultar uma Fonoteca; vai à Internet e consulta e faz os downloads que bem entender. E se houver coisas que lhe interessem, que lhe apeteça ter... há todo um fetiche ligado à mercadoria que o download não preenche. A obra, a partir do momento em que está no mercado, é uma mercadoria, e a grande força da mercadoria é o fetiche».

«Isto vem nos livros, desde Marx: o grande poder de persuasão da mercadoria, em termos de venda, é a sua fetichisação, e a fetichisação da mercadoria passa pelo envelope, pelas notas, pelo cuidado da obra, pela apresentação. Não há download de algo imaterial como um mp3 que substitua este lado fetichista da mercadoria, de ter o objecto», argumenta o músico português, concluindo: «No tempo das rádios FM, que passavam álbuns inteiros, tenho uma quantidade enorme de casssetes gravadas nessa altura e nunca ninguém me acusou de ser pirata. O fetiche da mercadoria ultrapassa o conteúdo -­ quando o conteúdo interessa».



Texto integral. Retirado de http://cotonete.clix.pt/aspx/news_body.aspx?news_id=30291

2 comentários:

Anónimo disse...

E pouco mais ha para dizer. realemte o problema nao é de quem faz download, mas sim da insdustria discografica que temos.
pelo menos no meu caso, mts vezes noa compro mais cd ou dvd ou livros pk sao caros de mais...

na volta compessava ganhar menos em cada um dos produtos mas vender mais...

Mas isso sou eu que digo, e eu de economia ñ percebo nada...

***pa todos

jane-x

Gabriel disse...

Eu ja tinha lido essa entrevista e realmente concordo com isso... Acho que essa opiniao complementa um post antigo que eu aqui criei!