A Revista Guitar World recentemente entrevistou o guitarrista Jason Becker (DAVID LEE ROTH, CACOPHONY).
Por causa das limitações físicas, a criatividade expandiu-se noutras direções?
Jason: "Eu lembro-me quando estava a começar perder a hablidade de tocar licks rápidos e as minhas mãos tremiam e caiam da guitarra. Isso forçou-me a criar um novo estilo lento de tocar. Eu estava muito inspirado e gravei 'Meet Me in the Morning', do Bob Dylan. Então quando eu não podia tocar mais eu fiquei inspirado pelo mundo da música clássica. Agora eu estou mais empolgado com a música indiana e pelo funk, o que é evidente no meu novo trabalho. Não estar apto para tocar faz com que estejas apto para ouvir e entender melhor. A prática constante na guitarra pode ser legal, mas desviar-se um pouco para a música universal dentro de cada um também pode ser".
O que te inspirou para comprar a primeira guitarra? Qual foi?
Jason: "Meu pai, tio e Bob Dylan me inspiraram a tocar. Meu pai era um ótimo violonista clássico. Ele teve aulas com um estudante de André Segóvia. Meu tio é muito fã de Roy Buchanan. Eu amei tudo que eles fizeram. Para mim Dylan ainda é o mais porreiro e o maior, suas melodias e letras eram muito agitadas. No meu quinto natal na Terra (1974)deram-me uma guitarra acústica, que eu ainda tenho. Meu pai tentou ensinar-me algumas notas e a ler música, mas eu desanimei com aquilo. Um ano depois o meu irmão ganhou um pequeno Xilofone de brinquedo. O meu pai ensinou para ele uma canção de Dylan, então eu disse: 'ei, por que não me ensinas aquele som porreiro?' Então ele ensinou-me. Daí em diante eu passei a tocar e cantar todas as músicas de Bob Dylan".
Jason, a tua coragem e habilidade para tocar são irreais. Como fazes para manter o alto astral?
Jason: "Acho que a resposta mais curta para isso é que eu tenho amor à vida. Eu amo as pessoas e a mim mesmo. Eu sou amado e bem cuidado pela minha família, amigos e o guru Amma. Eu ainda estou apto para criar, mas num caminho diferente. Eu não quero falar sobre o ALS pois é tão mau quanto o inferno (ALS são as iniciais pelo qual é conhecida a Doença de Lou Gehrig, que atingiu o músico em 1990 quando ele tinha 20 anos). Não podes imaginar (bom alguns de vocês podem), mas dentro de mim houve uma transformação muito grande. Algumas pessoas pensam que como não posso me mexer estou vegetando. Errado. Apenas tens que ser como és, aguardar e se precisar de algo, uma pessoa boa virá cuidar de ti. Eu estou a exagerar um pouco, mas é como eu vejo a coisa. Eu tenho motivos de sobra para viver, tenho esperanças e sonhos. Eu não vivo a dor todo o tempo, eu brinco, faço música, escrevo, faço amor e festas. Tenho os meus dias tristes como qualquer um".
Qual a lição mais importante que recebeste de tantas horas a tocar com Marty Friedman?
Jason: "Foram muitas, principalmente ter a sua propria personalidade, ser único, não fazer o que já foi feito. Ele ensinou-me muito sobre a beleza das harmonias e ritmos não convencionais. Ele criou um exercício que costumávamos fazer juntos. Nós tinhamos que ficar tocando solos e acordes, mas não tínhamos idéia do acorde que o outro iria tocar. Nós deviamos tentar fazer o solo parecer besta tocando os mais inesperados acordes que viessem à cabeça. O exercício sugeria que treinássemos para dar o bend até uma nota boa, e aprender frases esquisitas. Nossos ouvidos também se acostumariam com progressões interessantes, e então descobriríamos novas idéias fixes para músicas. Todos os dias eu aprendia algo novo com Marty. Podes aprender muita coisa só a treinar uma música dele. E eu fiz isso. Para falar a verdade, eu não seria nada sem a sua influência. Ah sim, e ele mostrou-me a música japonesa".
Como foi trabalhar com David Lee Roth? Vocês ainda mantêm contato?
Jason: "Foi como uma explosão. Ele foi muito porreiro comigo. Ele sempre elogiava mas não tinha medo de dizer se eu estava a ser idiota. Ele é como o mais selvagem cachorro selvagem que podem esperar, mas tem o seu lado calmo também. Ele conheceu uma garota porreira em Vancouver e perguntou-me como faria para conquistá-la. Ele é meio brincalhão mas tem um lado sério. Ele intercedeu num atrito que tive com Bob Rock. Dave é muito diplomático. Todos os gajos daquela banda acolheram-me nas suas asas, amo todos. Eles sabiam que eu estava com problemas de saúde, todos compreenderam excepto dois, cujos nomes não vou mencionar - mas posso dizer que um deles é um empresário bem conhecido..."
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2 comentários:
Um verdadeiro senhor, que merece o meu eterno respeito!
é um senhor sim... um exemplo de vida!
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