Relaxem... Este não é um daqueles posts a dizer que as bandas portugesas têm cada vez menos qualidade e que há muitos músicos que se tornam famosos sem mérito algum... Não. O assunto hoje é completamente diferente...
Hoje venho falar de um ponto de vista mais político da música. A música sempre foi um escape das massas, sempre foi o veículo de cultura mais versátil e abrangente. Se por um lado, nos idos tempos das monarquias absolutistas e, em última análise, religiosas, só nobreza e clero tinham acesso às grandes orquestras (sublimes!), as classes baixas produziam a sua própria música e utilizavam-na como forma de alegrar o dia a dia e desabafar as dores, em jeito de conformação. Isto numa época em que a leitura e a escrita lhes estavam completamente vedadas, sendo apenas acedíveis por entidades clericais e escassos nobres interessados, o que vem realçar o papel cultural da música popular.
A música navega através dos tempos, tornamdo-se um dos mais importantes e intemporais marcos da nossa cultura. Mais tarde, durante os anos de ditadura salazarista, a música é utilizada como protesto, é utilizada como uma arma e muitos são presos, deportados e mortos em seu nome. Em nome da música e do manifesto que representava.
Depois há toda uma série de instrumentos tipicamente portugueses, como o Adufe, alguns tipos de Flautas artesanais, a Concertina e mais de uma dezena de instrumentos de cordas, como as Violas Braguesa, Amarantina e Beiroa, a Rabeca Chuleira e a tão conhecida Guitarra Portuguesa.
O nosso país é, então, indiscutivelmente, culturalmente marcado pelos estilos musicais. É um sector extremamente importante da nossa cultura.
Então, pergunto eu, porque é que a música em portugal paga taxa de luxo?
Tudo o que seja música, um disco, um instrumento, seja o que for... 21% de Imposto de Valor Acrescentado, que corresponde à taxa de luxo.
Este facto é muito mais escandaloso do que à primeira vista possa parecer.
Reparem nos músicos profissionais... Há muita gente a viver da música, correcto? é essa a sua profissão, o seu "Ganha Pão". Ora bem, a ferramenta de trabalho deste sector proficional é considerado luxo!!! Seria normal que um mecânico pagasse taxa de luxo por uma chave inglesa? Parece-me indecoroso... A questão dos díscos não é menos bárbara. Porque motivo a música é menos cultura que a literatura? Será que a música é cultura de segunda? Não... Isso nem sequer existe...
É por isso que, enquanto neste país se pagar mais 16% de valor acrescentado por um disco de Ludwig van Beethoven que por um livro da Margariga Rebelo Pinto, me envergonho de ser português!
Nota adicional: enquanto uma disco de Fredric Chopin ou uma Guitarra Portuguesa são taxados a 21% - "Artigo de Luxo", a Coca-Cola e a taxada a 5% - "Bem de Primeira Necessidade". Tirem as vossas conclusões.
julho 21, 2005
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
3 comentários:
Agora que falas nisso... que País de Merda!
Realmente vergonhoso... é isso e a merda dos incendios... 2 dos muitos motivos d orgulho!... no doubt! .... :(((
Apoiado! Realmente só num país como o nosso é que paga mais de I.V.A por um cd do que por uma Coca-Cola. Enfim, não há mt a dizer.
Enviar um comentário