março 16, 2006

Recordando Eugénio de Andrade

São coisas muito frágeis – uma sedea
transformar-se em água ou num sorriso
aberto à flor da boca,
a música de um corpo enquanto é verão
e sobretudo a chama de um olhar
que se entrega à primeira alegria,
ao primeiro desejo.
Ele sabe, sempre soube que é difícil
ser fiel ao esplendor de tudo isso,
à melodia ou ao rumor
do sangue. É um segredo
roubado à terra ou à infância
como se a voz dançasse.
Confidente das aves quando chegam
do sul
ou cúmplice da luz que se demora
à passagem do vento,
mal o vejo daqui
e a sombra que se move entre os seus olho
sé a lição do dia quando morre,
esse rasto de lume que o sol deixa
a arder no mar.
Para Um Retrato de Eugénio, FERNANDO PINTO DO AMARAL

2 comentários:

Anónimo disse...

Pfff..
Decididamente ultrapassa-me tal arte!

Deizz disse...

clap clap clap clap clap clap clap. ah...e clap clap clap também!