Se há coisa que me irrita são aqueles inícios de frase que os stand-up comidiants usam para iniciar o discurso ou para fazer ligações entre frases inconectáveis, tais como "se há coisa que me irrita".
Já repararam? Os gajos vêm com aquele ar de que não é nada com eles, abeiram-se do povo e dizem "se há coisa que me irrita é..." ou "o que eu não gosto mesmo nada é do..." ou ainda "uma coisa que eu nunca consegui perceber é...".
Estas frases têm um poder de articulação fantástico. Reparam que agora, no enfiamento destes inícios de frase, todo o substantivo, próprio ou comum, encaixa perfeitamente. Escolhendo um perfeitamente aleatório, reparaem: "se há coisa que me irrita é o José Castelo Branco" ou "o que eu não gosto mesmo nada é do José Castelo Branco" ou ainda "uma coisa que eu nunca consegui perceber é o José Castelo Branco" e por aí a diante... Ora meus amigos... Assim é facil fazer comédia!
Agora reparem no poder que estas frases têm para mudar de assunto com uma facilidade tremenda, como se a coisa até fizesse sentido junta. "no outro dia ia eu na rua, nem era nada comigo, quando aparece um gajo vindo não sei de onde que me arrancou a roupa toda perante uma data de raparigas que ficaram pasmadas e a gozar comigo.. mas se há coisa que me irrita é o José Castelo Branco!" ou "no outro dia estava num café, pedi um pastel de nata e veio um bolo de arroz! eu sou alérgico ao arroz, odeio! faz-me urticária Não paro de me coçar pelo menos por 10 dias! Mas o que eu não gosto mesmo nada é do José Castelo Branco" ou ainda "o meu professor aplicava-se o mais que podia para me ensinar cálculo integral, derivação e primitivação, esforçou-se para que eu me tornasse um especiaista em física nuclear e eu fui aprendendo à velocidade que conseguia. Mas uma coisa que eu nunca consegui perceber é o José Castelo Branco..."
Meus amigos, não chega já de andar a gozar com este Panelei, perdão, metrossexual, agora diz-se metrossexual. Se há coisa que me irrita são estes transformismos linguísticos!
abril 18, 2005
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